Evento

Greve Geral da Aviação 1987-1988.

12/12/1987
Nome
Greve Geral da Aviação 1987-1988.
Descrição
A greve geral da aviação liderada por aeronautas e aeroviários aconteceu em decorrência da campanha salarial da Convenção Coletiva do ano de 1987. A grave crise econômica agravada pelo Plano Bresser, prejudicou diretamente o setor aéreo e consequentemente os trabalhadores da aviação.
Conteúdo

A greve geral da aviação liderada por aeronautas e aeroviários aconteceu em decorrência da campanha salarial da Convenção Coletiva do ano de 1987. A grave crise econômica, agravada pelo Plano Bresser, prejudicou diretamente o setor aéreo e consequentemente os trabalhadores da aviação.

O reajuste salarial proposto pelas empresas aéreas não correspondia à frequente volatilidade do custo de vida, o que dificultou o acordo com a categoria e o TST sobre o tema. Outras violações a direitos conquistados pela categoria também foram realizadas, como a redução da força de trabalho, trabalho noturno e jornada de trabalho de comissárias gestantes.

Em uma série de assembleias gerais unificadas com os aeroviários, os trabalhadores da aviação resolveram recorrer novamente à greve para reivindicar direitos. Em 12 de dezembro de 1987 foi deliberada pela categoria uma paralisação de 48 horas nos aeroportos brasileiros.

Neste meio tempo, manifestações, passeatas e diversas assembleias foram realizadas com o intuito de mobilizar a categoria e denunciar à sociedade que o aumento de passagens aéreas era consequência das políticas abusivas dos planos econômicos e da conveniência das empresas.

Em 17 de dezembro a greve foi julgada ilegal pelo TST e apenas um reajuste de 44% foi oferecido à categoria. O presidente do SNA, José Caetano Lavorato, foi demitido com mais 90 lideranças do movimento, o que foi justificado no decreto 1.632/1978, que proibia greves nos setores julgados como essenciais.

Diante do impasse e perseguição à categoria, manteve-se o estado de greve até final daquele ano. Em janeiro de 1988, a estratégia das empresas foi a negociação direta com o TST, sendo que os reajustes por empresa não respeitavam uma mudança homogênea a toda categoria, o que impediu um acordo final para finalização de uma CCT.

O pedido de reintegração dos funcionários demitidos também não foi atendido, o que impulsionou ainda mais a nova paralisação de 72 horas deliberada pela categoria no dia 12 de fevereiro em pleno carnaval, com poucos voos disponibilizados pela Transbrasil e VASP.

As negociações foram encerradas em 30 de março de 1988 ainda com impasses, mas com conquistas importantes, como o dissídio único para categoria e a manutenção das cláusulas sociais. A maioria dos aeronautas foram reintegrados no decorrer do tempo, com exceção de Lavorato que ainda percorreu uma longa batalha judicial por seu retorno a aviação.

Referências:

OLIVEIRA, Ana Lucia Valença de Santa Cruz et al. Aeronautas e a década de 80: a categoria retoma suas lutas.

OLIVEIRA, Ana Lucia Valença de Santa Cruz et al. Aeronautas: da reorganização sindical a crise do setor aéreo. Rio de Janeiro: Sindicato Nacional dos Aeronautas, 2003. Anpuh – XXI simpósio nacional de história – João Pessoa, 2003.

Rota da intransigência e do confronto. A Bússola, Rio de Janeiro, abril de 1988.